26 de nov. de 2016

Pra quem não chegou (ainda)

Eu não acho que já tenha amado bem como não acho que tenha sido amada e, apesar disso, eu prego o amor aos outros. Aos cansados e desacreditados de tudo. Mesmo não tendo sentido o que meus avós, há mais de 50 anos casados, conseguiram sentir e seguram isso até hoje como um tesouro, acabei conhecendo um Amor maior. Já bati tanto na mesma tecla, desejando ser amada por homens, desejando ser desejada e compreendida como se a minha sina fosse essa, que a decepção de não conseguir isso me levou ao próprio Amor.

Me maltratei e fiz coisas que são indizíveis, das quais me envergonho só de pensar, acabei me perdendo e não sabendo viver aquilo que me foi dado. Enquanto eu procurava amor por aí, me doando erroneamente, o próprio Amor já pulsava forte dentro de mim. Havia dias que claramente percebia isso, como ao acordar, sabe? Acordava, me deparava com o sol e acreditava. Mas havia dias que parecia escuro mesmo olhando pra o sol, mesmo ele iluminando os quatro cantos do meu quarto eu não conseguia ver, aquilo doía ainda que fizesse força pra que não.

Acho que não preciso fingir não acreditar mais, sim, eu fingi, cedi às mentiras e às frustrações, mas agora eu me sinto amada, e alguns conhecem por Quem, outros O negam mas continuam sendo amados na mesma intensidade. Sou amada pelo Autor do amor, minhas dores e frustrações me levaram a desacreditar disso e, pior, a desacreditar do próprio sentimento vivo. Preciso pedir desculpas às pessoas que passei a lição errada. Já me perdoei por ter passado meses a fio mentindo e agindo como se não precisasse do que eu chamava de bobagem. Mas não é bobagem. Eu ainda tenho medo, mas porque não conheci o verdadeiro amor ou alguém verdadeiro, porque só me contaram mentiras até então, porque adeus foi só o que eu soube dizer. Mas, ao conhecer o verdadeiro amor, o medo será lançado fora. Vou continuar acreditando porque há razões pra tal, razões essas que são bem raras hoje em dia, mas que fazem meu coração saltar e viver novamente.

Até conhecer o homem da minha vida e pai de uma menina parecida comigo muito possivelmente, eu confiarei em Deus, seguirei crendo piamente no que Ele planejou desde que entrei nesse mundo. Eu vou crer que há alguém por aí (ele pode estar lendo isso, aliás) que compreenderá o porquê de eu odiar sorvete de flocos uma vez que é quase uma paixão nacional. Ele vai esperar até estarmos prontos pra andarmos certo. Eu sentirei sua falta quando, vagarosamente, pensar no que eu fui, vou querer estar perto dele quando enxergar casais exalando amor pelas avenidas da cidade, estarei pensando nele até o achar e agradecer pela espera árdua, mas recompensadora. Estarei esperando, olhando através da chuva, tentando perceber o mais fraco sinal de que é hora de ver o sol. E, enquanto esse dia não chega, me salvarei, cuidarei do meu coração e da minha alma, segurarei firme nas mãos do Pai, esperando que ele O ame assim como eu O amo.

Um comentário: